Mídia conservadora tenta desestabilizar a sociedade brasileira com discurso extremista
Fonte > http://asintoniafina.blogspot.com.br/2013/02/fique-sabendo-midia-conservadora-tenta.html
O ano de 2013 tende a
ser uma prova de fogo para a democracia brasileira. O governo da
presidenta Dilma Rousseff, que ensaia reformas de base como o fim da
miséria no país em plena crise na estrutura do sistema capitalista
mundial; o Legislativo, no qual os partidos de esquerda vêem as legendas
conservadoras submergir em uma série de derrotas históricas nas últimas
eleições municipais; e o crescimento da mídia alternativa aos diários
conservadores que, dia após dia, perdem mais leitores, assinantes e se
debatem com a falta de apoio publicitário dos tradicionais parceiros,
ligados a um capital internacional em via falimentar, são fatores que
tensionam e tendem a radicalizar o processo político brasileiro.
Ao perceber a aceitação
do discurso voltado à justiça social, ao fim da concentração de renda no
país e ao abandono sistemático das fórmulas econômicas ortodoxas, os
brasileiros têm mostrado, nas urnas, que o fio condutor da economia
brasileira mudou e a transformação foi aprovada. No Estado de São Paulo,
de longe o mais conservador do país, a proposta das esquerdas foi
consagrada na eleição do ex-ministro Fernando Haddad, após uma costura
de bastidores entre legendas de tendências que vão do comunismo ao
obscurantismo religioso. Mas todos voltados para a derrota do então
líder da legião conservadora, José Serra, ora de partida para o
ostracismo. O pragmatismo político do novo centro de poder da capital
paulista assegurou mais um passo na direção da realidade pretendida pelo
governo da presidenta Dilma.
No Supremo Tribunal
Federal (STF), um processo no qual escutas transcritas pela Justiça
lançam graves suspeitas sobre os principais líderes da direita no país,
entre eles o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, seu então ministro
da Saúde, José Serra, o ex-governador do Estado de Minas Gerais, Aécio
Neves, senadores e líderes da direita mais extremada, é o próximo na
fila de julgamentos e, na nova configuração da Corte, tende a cruzar os
meses do segundo semestre de 2013 até meados do ano eleitoral. A
Ação Penal (AP) 536 tende a abraçar, ainda, as denúncias contidas no
best seller do jornalista Amaury Ribeiro Jr., A Privataria Tucana, que esmiúça o processo de privatização realizado no governo de FHC, sobre o qual pesa uma avalanche de ações na Justiça.
Percebe-se, assim, o
gradual distanciamento da maioria do eleitorado brasileiro das velhas
estruturas oligárquicas que, até hoje, mantêm-se aferroadas à máquina
estatal como forma de garantir os interesses das grandes corporações na
economia brasileira, apesar dos esforços cada vez maiores da mídia
conservadora para minar a credibilidade da proposta vitoriosa nas urnas.
O nível de convencimento do eleitorado permanece em queda para os
principais líderes de audiência, entre eles o Jornal Nacional, da Rede
Globo de Televisão, flagrado em um movimento escancarado de apoio ao
candidato derrotado em São Paulo, durante o período do último horário
eleitoral gratuito. O caso gerou uma representação contra a emissora,
subscrita por Eduardo Guimarães, coordenador do Movimento dos Sem-Mídia,
que segue seu curso na Justiça paulista.
Empurrados para o corner
da sociedade, os velhos defensores do Estado autocrático, da mídia que
apoiou a ditadura militar, da manutenção dos privilégios às castas mais
ricas do país em detrimento à distribuição da riqueza nacional, estes se
voltam cada vez mais raivosos contra os defensores do Estado justo,
social e economicamente, em curso no Brasil desde a eleição do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002. Diante das transformações
inexoráveis, a mobilização dos líderes da direita em defesa de seus
interesses também aumenta.
Os canais de TV, os
principais jornais e revistas impressos do país, as concessões de rádio
que estes grupos empresariais detêm passam a transmitir mensagens cada
vez mais claras aos seus aliados para que se levantem contra uma outra
espécie de ‘perigo vermelho’, a exemplo do que ocorreu no golpe de 1964.
Desta vez, porém, tanto
fatores externos quanto internos formam um caldo de cultura
completamente toxico às quarteladas do século passado ou aos golpes
patrocinados por setores ínfimos, e riquíssimos, da sociedade
brasileira, com apoio de uns Estados Unidos de outrora que, hoje, lutam
para se manter acima da linha d’água no panorama geopolítico mundial.
O capitalismo em crise,
por sua vez, também deixa a ver navios os segmentos mais reacionários em
atividade no Brasil, como o da mídia, embora instituições como o
Instituto Millennium, destinadas à sobrevivência do ideário capitalista a
qualquer preço, monitorem as reações ao surgimento de um novo modelo
social no Brasil e na América Latina, onde países como Argentina,
Bolívia, Equador, Peru, Uruguai e Venezuela caminham a passos largos na
direção do socialismo.
Tais reações, espelhadas
nas páginas dos meios conservadores de comunicação ou nas telas das
redes de TV ligadas aos setores mais retrógrados do pensamento
brasileiro, no entanto, têm o poder de esticar a corda da paciência de
cada cidadão, a ponto de levar a sérias rupturas nos meios familiares e
mesmo em certas relações de trabalho ou de amizade.
O radicalismo da mídia
conservadora se exacerba, por exemplo, em um dos programas do canal
fechado de jornalismoGlobonews, no qual o ex-ministro da Fazenda Maílson
da Nóbrega explica porque é importante pagar uma conta de luz mais cara
e de que forma uma medida de alto impacto econômico, como a redução no
preço da energia elétrica, seria quase um ato terrorista praticado pela
presidenta do país.
Em certas
circunstâncias, a agenda da direita brasileira volta-se muito mais à
queda do modelo social em curso do que para o fim de uma gestão, em
certos aspectos, simpática ao empresariado, como é o caso da atual.
Assim, o discurso
pseudo-moralista que vigora nas principais colunas dos diários ou nos
programas da TV ligados aos conservadores espraia-se para a sociedade de
forma a provocar reações cada vez mais extremadas. É o próprio Eduardo
Guimarães que relata, a seguir, ser vítima de ameaças por conta de suas
posições políticas de apoio ao presidente Lula e à presidenta Dilma.
Segundo Guimarães, há um
processo que se materializa no país e que ele já viu “ocorrer em países
sul-americanos (…) com destaque para a Venezuela”.
“Não foi uma só vez em
que fui ameaçado de espancamento ou de morte tanto via comentários aqui
no Blog (da Cidadania) quanto no Twitter”, relata Guimarães.
“Nunca dei maior
importância a esses psicopatas. Apesar de achar que só fazem tais
bravatas por trás de um computador, um deles foi munido de cartazes me
caluniando ao encontro de blogueiros em Brasília, em 2010, e, em dado
momento, fez menção de me agredir.
O mais grave é que um
maluco é uma coisa, mas, naquela oportunidade, o pirado estava com um
irmão tão pirado quanto ele. Ou seja, se eram doentes, a doença atingiu a
ambos. Claro que, tanto quanto as outras ameaças que recebi, esta
também será enviada às autoridades devido à gravidade, pois o indivíduo,
obviamente que oculto sob um pseudônimo, ameaçou me matar a tiros”,
afirma.
Em uma das ameaças,
devidamente comunicada à polícia, o leitor identificado apenas como
Galeão Cumbica, em comentário a um de seus artigos, promete atirar no
redator
“Só de pensar que esse
tipo de animal com nome de gente, Eduardo Guimarães, financiado com
dinheiro publico escreve um lixo desse calibre, dá vontade de encontrar o
sujeito e meter-lhe um balaço no meio da cara!!! (…)”, afirma o
comentarista. Para Guimarães, a afirmativa não passa de “uma bravata”.
“Nem acho que quis me
intimidar. Apenas externou seu ódio, um ódio que não nasceu em si, mas
que foi instilado pela mídia, pelos Reinaldos Azevedos, Augustos Nunes,
Elianes Cantanhêdes e congêneres. O problema, portanto, não sou eu ou
esse pirado – nem os outros tantos que há por aí. O problema é que a
direita midiática está desencadeando, no Brasil, um processo que vi,
recentemente, em países vizinhos. Até alguns poucos anos atrás eu
viajava bastante à Venezuela e, lá, vi várias cenas de batalha campal.
Certa vez, chavistas e
antichavistas quebraram uma lanchonete em que eu estava. Cheguei a levar
um murro no estômago ao tentar proteger uma moça empurrada por um dos
brigões. Vi essas coisas acontecerem, também, na Bolívia e no Equador.
No Brasil, tudo tem se resumido, salvo exceções, à internet, com os
valentões bem escondidinhos por trás do computador, inclusive usando
codinomes”, escreveu Guimarães.
Gilberto de Souza é editor-chefe do Correio do Brasil
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