Ódio da mídia conservadora aumenta após encontro entre Dilma e Franklin Martins
Fonte > http://correiodobrasil.com.br/noticias/politica/odio-da-midia-conservadora-aumenta-apos-encontro-entre-dilma-e-franklin-martins/575837/
O tom desesperado dos editoriais da mídia conservadora, que embasa a
representação entregue na véspera pelo PSDB à Procuradoria-Geral da
República contra a presidente Dilma Rousseff, não encontrará eco na
Corte Suprema. A previsão é do ministro Luis Inácio Adams, da
Advocacia-Geral da União. Em conversa com jornalistas, na manhã desta
quarta-feira, ele afirmou que a tendência é a do procurador-geral
arquivar a medida.
– Não tem nenhum fundamento, nenhuma substância jurídica – disse Adams.
O que os tucanos pedem é uma investigação sobre o pronunciamento da
presidenta, transmitido em cadeia nacional de rádio e televisão na
última quarta-feira, que teria sido uma peça de propaganda política, na
visão dos conservadores de direita, expressa no ódio com que a mídia conservadora se refere ao governo da presidenta Dilma.
Segundo afirma o documento, o anúncio de que a conta de luz ficará
menor tratou-se de uma “cristalina promoção da presidente da República”,
uma antecipação da campanha pela sua reeleição.
– Não estamos em período eleitoral, o pronunciamento não faz referência a partidos, entidades, nada – afirma.
Em seu discurso, Dilma críticou, sim, mas os “pessimistas” ao
anunciar a redução na tarifa de energia. Para o senador tucano Aécio
Neves (MG), ela falou como um partido, e não como presidenta. Em defesa
de Dilma, o advogado-geral da União afirma que ainda não analisou a
representação e que Dilma não está “nem um pouco” preocupada com ela.
Ainda não foi definido se a AGU irá se antecipar a um eventual pedido do
Ministério Público em defesa da presidente. Ele afirmou que é permitido
por lei que o presidente da República faça pronunciamentos quando há
fatos relevantes a serem anunciados.
Visita de Franklin Martins
A má vontade dos diários conservadores paulistas e cariocas, que
servem como únicos pilares à representação conta Dilma, cristaliza-se de
forma a evidenciar, segundo analistas políticos ouvidos pelo Correio do Brasil,
a existência de um cartel formado com o objetivo de atuar como um
partido político não convencional. Para tratar da questão da mídia,
Dilma chamou nesta manhã, ao Palácio do Planalto, o ex-ministro da
secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Franklin Martins, que defende a edição de marcos reguladores para o setor.
Em recente pronunciamento, o PT apontou a intenção de a mídia
conservadora promover, no país, um ambiente de conflagração, a exemplo
daquele havido na época dos estadistas Getúliio Vargas e João Goulart.
Segundo o partido, ambos foram vítimas de uma “insidiosa campanha de
forças políticas” para desestabilizar seus governos e que o país,
atualmente, vive processo semelhante, desde 2003, para desmoralizar o
ex-presidente petista e o seu legado.
“A partir de 2003, de forma intermitente, tratou-se de anular os
notórios êxitos do governo, com campanhas que procuravam ou desconstruir
as realizações do governo Lula ou tachá-lo de ‘incapaz’ e ‘corrupto’
(…). Sabe-se que denúncias de corrupção sempre foram utilizadas pelos
conservadores no Brasil para desestabilizar governos populares, como os
já citados casos de Vargas e Goulart”, afirma o documento.
Franklin editou um projeto-de-lei que determina parâmetros para que a
concentração de poder neste segmento, no país, não seja alvo de novos
escândalos, como aquele noticiado pela organização não governamental
Repórteres Sem Fronteiras, com sede em Paris, que aponta a existência,
no Brasil, de 30 berlusconis, referindo-se ao capo da mídia italiana.
Segundo o relatório da RSF, divulgado na semana passada, o Brasil é
“o país dos 30 Berlusconis”, numa crítica à concentração dos veículos de
comunicação do país em poucas mãos. “O Brasil apresenta um nível de
concentração de mídia que contrasta totalmente com o potencial de seu
território e a extrema diversidade de sua sociedade civil”, analisa a
ONG de defesa da liberdade de imprensa. “O colosso parece ter
permanecido impávido no que diz respeito ao pluralismo, um quarto de
século depois da volta da democracia”, destaca a RSF.
O relatório foi composto após visitas de membros da ONG a Brasília,
São Paulo e Rio de Janeiro. Segundo o RSF, “a topografia midiática do
país que vai receber a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016 pouco
mudou nas três décadas que sucederam a ditadura militar de 1964-1985″. O
documento destaca que as 10 maiores companhias de mídia do país estão
baseadas em São Paulo ou Rio de Janeiro, o que “enfraquece a mídia
regional”.
“A independência editorial da mídia impressa e transmitida e minada
pela pesada dependência de propaganda do governo e suas agências”,
analisa o relatório, que destaca que, em 2012, houve 11 jornalistas
mortos no país. Segundo a ONG, um dos problemas endêmicos do setor da
informação no Brasil é a figura do magnata da imprensa, que “está na
origem da grande dependência da mídia em relação aos centros de poder”.
“Dez principais grupos econômicos, de origem familiar, continuam
repartindo o mercado da comunicação de massas”, lamenta a RSF.
Soluções
Segundo a ONG, outro problema no Brasil é a censura na internet, com
denúncias que levaram ao fechamento de blogs durante as eleições
municipais de 2012. O documento cita o caso do diretor do Google Brasil,
Fábio José Silva Coelho, que ficou preso brevemente por não retirar do
YouTube um vídeo que teoricamente atacava um candidato a prefeito.
Coelho foi preso pela Polícia Federal em setembro passado a pedido do
candidato a prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal.
Para reequilibrar o cenário da mídia brasileira, a Repórteres Sem
Fronteiras recomenda reformar a legislação sobre a propriedade de
grandes grupos e seu financiamento com publicidade oficial. Além disso, a
ONG sugere a melhoria da atribuição de frequências audiovisuais, para
favorecer os meios de comunicação, e um novo sistema de sanções que não
inclua o fechamento de mídias ou páginas, entre outras medidas.
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